sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Capitulo 21 - Rangers Ordem dos Arqueiros VOL 2

Totalmente exausto, Gilan dormiu como uma pedra por seis horas na barraca para onde Halt o tinha levado. Du-rante todo esse tempo, não se mexeu nem uma vez. Sua mente e seu corpo se fecharam, tirando novas forças do descanso total.
Depois dessas seis horas, o seu subconsciente co-meçou a ficar agitado e a funcionar, e ele começou a so-nhar. Sonhou com Will, Horace e a garota Evanlyn. Mas o sonho era turbulento e confuso, e ele viu os três captura-dos pelos Wargals, amarrados juntos enquanto os dois la-drões Bart e Carney olhavam e riam.
Gilan virou para o lado resmungando enquanto dormia. Halt, sentado perto dele, consertando as penas de suas flechas, olhou para o jovem arqueiro, viu que ainda estava adormecido e voltou à tarefa rotineira. Gilan res-mungou de novo e depois ficou em silêncio.
No sonho, Gilan viu a criada Evanlyn como o rei a tinha descrito: com os cabelos compridos e soltos caindo nas costas, espessos, lustrosos e ruivos.
E então ele se sentou totalmente acordado.
— Meu Deus! — ele disse para um espantado Halt. — Não é ela!
Halt praguejou quando derrubou a cola grossa e viscosa que estava usando para prender as penas de ganso ao cabo das flechas. O movimento repentino de Gilan o pegara de surpresa. Agora, ele estava limpando o líquido grudento e, um tanto irritado, se virou para o amigo.
— Será que você podia avisar quando vai começar a gritar desse jeito? — ele perguntou de mau humor.
Mas Gilan já estava fora da cama, pegando a calça e a camisa.
— Tenho que ver o rei! — ele disse ansioso.
Halt se levantou cauteloso, pois estava desconfiado de que o rapaz estivesse sofrendo uma crise de sonambu-lismo. O jovem arqueiro passou por ele depressa e dispa-rou pela noite, enfiando a camisa na calça enquanto anda-va. Relutantemente, Halt o seguiu.
Houve uma pequena demora quando chegaram ao pavilhão do rei. A guarda tinha sido trocada várias horas antes, e as novas sentinelas não conheciam Gilan. Halt a-jeitou tudo, mas não antes de Gilan tê-lo convencido de que era vital ver o rei Duncan, mesmo que isso significas-se acordá-lo de um sono merecido.
Contudo, eles constataram que, apesar de ser muito tarde, o rei não estava dormindo. Ele e o comandante su-premo de seu exército estavam discutindo possíveis razões para os ataques a Céltica quando Gilan, descalço, despen-teado e com vários botões da camisa ainda abertos, rece-
beu permissão para entrar no pavilhão. Sir David olhou para cima e se assustou com a aparência do filho.
— Gilan! Que diabos você está fazendo aqui? — ele perguntou, mas Gilan o interrompeu com um gesto da mão.
— Um momento, pai — ele pediu. Então conti-nuou encarando o rei.
— Majestade, quando descreveu a criada Evanlyn hoje cedo, falou de cabelos ruivos?
Sir David olhou para Halt em busca de uma expli-cação. O arqueiro mais velho deu de ombros, e sir David se virou para o filho com uma expressão zangada no ros-to:
— Que diferença isso faz?
Mas novamente o filho o interrompeu, ainda se di-rigindo ao rei.
— A garota com o nome de Evanlyn é loira, senhor — ele disse simplesmente.
Desta vez, foi o rei Duncan que levantou a mão pedindo silêncio ao seu zangado mestre de guerra.
— Loira? — ele repetiu.
— Loira, senhor. Os cabelos estavam bem curtos, como eu disse, mas eram loiros como os seus. E ela tinha olhos verdes — Gilan contou e observou Duncan com cuidado, porque percebeu a importância do que estava di-zendo.
O rei hesitou um momento e cobriu o rosto com uma das mãos. Então ele falou com a esperança crescendo na voz.
— E o corpo? Ela era magra? Pequena estatura?
Gilan assentiu ansioso.
— Como eu disse, senhor, por um momento nós a confundimos com um garoto. Ela deve ter usado a iden-tidade da criada porque pensou que seria mais seguro se permanecesse incógnita.
Agora ele entendia as leves hesitações nas frases de Evanlyn e por que ela entendia mais de política e estraté-gia do que era de se esperar de uma criada.
Lentamente, Halt e sir David começaram a perce-ber a importância do que estava sendo dito. O rei olhou de Gilan para Halt, depois para David e de novo para Gi-lan.
— Minha filha está viva — ele disse devagar. Hou-ve um longo silêncio que finalmente foi quebrado por sir David.
— Gilan, a que distância você ficou dos dois a-prendizes e da garota?
— Possivelmente dois dias a cavalo, pai — o rapaz respondeu, depois de hesitar e seguiu o pai até a mesa do mapa onde indicou o ponto mais distante em que imagi-nou que Will e os outros pudessem estar naquele mo-mento.
Sir David assumiu o controle imediatamente, man-dando mensageiros acordarem o comandante da cavalaria
para que preparasse uma companhia que deixaria o acam-pamento naquele exato momento.
— Vamos mandar uma companhia dos Quintos Lanceiros buscá-los, senhor — ele disse ao rei. — Se par-tirem daqui uma hora e cavalgarem durante a noite, deve-rão fazer contato lá pelo meio-dia de amanhã.
— Eu posso guiar eles — Gilan se ofereceu imedi-atamente, e o pai concordou com um gesto.
— Esperava que dissesse isso.
Gilan segurou o braço do rei e sorriu com verda-deiro prazer diante do alívio que viu no rosto do homem.
— Não posso lhe dizer o quanto estou satisfeito pelo senhor — falou.
O rei olhou para ele um pouco confuso. Muito re-centemente, estivera chorando a perda da amada filha, Cassandra. Agora, milagrosamente, ela tinha voltado à vi-da.
— Minha filha está viva — ele repetiu. — E está em segurança.
Evanlyn se agachou sobre a pilha de madeira ao lado da cerca da ponte. De tempos em tempos, ouvia o som surdo do arco de Will quando ele atirava num inimi-go que se aproximava, mas se obrigava a não olhar para cima, concentrando-se na tarefa que tinha a realizar. Ela sabia que tinham uma última chance de acender o fogo
adequadamente. Se errasse, isso significaria uma desgraça para o reino. Assim, ela empilhou e arrumou a madeira com cuidado, garantindo que havia espaço suficiente entre os pedaços para uma boa ventilação. Agora, ela não tinha mais raspas de madeira para acender o fogo, mas a alguns metros de distância havia uma fonte de fogo perfeita. O cabo da direita ainda estava ardendo intensamente.
Satisfeita ao ver a madeira empilhada corretamente, ela pegou a faca de Will e cortou vários pedaços de 1 me-tro de corda coberta de piche — pedaços finos, não do cabo grosso propriamente dito, pois teria sido quase im-possível cortá-los a tempo.
Evanlyn pegou os pedaços de corda, levantou-se e disparou pela ponte até o fogo ardente do outro lado. Eles queimaram com facilidade, então ela correu de volta para a pilha de madeira, pendurando as cordas incandescentes ao redor da base, enfiando-as nos espaços que tinha dei-xado entre as tábuas. As chamas lambiam seus dedos en-quanto empurrava a corda para o meio dos pedaços de madeira. Ela mordeu o lábio ignorando a dor e se certifi-cou de que o fogo queimava livremente.
As chamas alimentadas pelo piche fizeram a ma-deira estalar e a incendiaram. Evanlyn as abanou por al-guns segundos até que ficassem mais fortes e os pedaços de madeira mais finos estivessem queimando intensamen-te. Logo, as tábuas mais grossas também começaram a pegar logo. O corrimão se incendiou em vários pontos, e línguas de fogo, estimuladas pelo piche, envolveram o ca-
bo e depois subiram até onde ele se juntava à estrutura de madeira do poste.
Somente então a garota se permitiu olhar para Will. Seus olhos estavam ofuscados pelo fogo, e ela o via so-mente como uma figura embaçada atrás de um monte de rochas, a 5 metros de distância. Ele se levantou e atirou uma flecha. Evanlyn olhou para a escuridão que os cerca-va, mas não viu sinal de seus atacantes.
A ponte deu outro solavanco violento, e a passarela se inclinou perigosamente quando a segunda das três cor-das que formavam o cabo da direita queimou e a estrutura caiu ainda mais para o lado. Eles não teriam muito tempo para voltar para onde Horace e Puxão os esperavam. Ela tinha que avisar Will.
Com a faca na mão, correu o mais depressa que pôde até onde ele estava agachado, atrás das rochas, pro-curando sinais de movimento na escuridão. Ele olhou ra-pidamente para Evanlyn quando a garota chegou.
— O outro lado está queimando — ela contou. — Vamos sair daqui.
Com uma expressão sombria, ele balançou a cabeça negativamente e apontou com o queixo para um monte de pedras a cerca de 30 metros de onde estavam.
— Não posso arriscar — ele disse. — Um deles está atrás daquelas pedras. Se sairmos, ele pode ter tempo de salvar a ponte.
Com o canto do olho, ela viu um movimento rápi-do á esquerda e apontou depressa.
— Lá está um deles!
Will assentiu.
— Estou vendo — ele respondeu devagar. — Está tentando fazer que eu atire nele. Assim que eu fizer isso, o que está mais perto de nós vai ter uma chance. Tenho que esperar que ele se mostre para poder atirar.
Ela olhou horrorizada para o amigo quando enten-deu a importância do que ele tinha dito.
— Mas isso significa que outros podem se aproxi-mar da gente — ela concluiu.
Will não disse nada. O pânico que tinha começado a sentir fora agora substituído por um tranquilo senti-mento de coragem. No fundo de seu coração, parte dele estava satisfeita por não ter decepcionado Halt e por ter retribuído a confiança que tinha tido nele quando o esco-lheu como aprendiz.
Ele olhou para Evanlyn por um longo momento, e ela percebeu que o rapaz estava disposto a ser capturado se isso mantivesse o inimigo longe da ponte alguns minu-tos mais.
“Capturado ou morto”, ela pensou.
Atrás deles ouviu-se um estrondo forte e, quando se virou, Evanlyn viu o primeiro cabo finalmente ceder em meio a uma chuva de chamas e faíscas, levando junto a parte superior do poste. Aquele era o resultado que que-riam. Eles tinham discutido a ideia de simplesmente cortar os cabos principais, mas isso teria deixado a estrutura mais importante da ponte intocada. Os postes tinham que ser
destruídos. Agora, toda a ponte estava inclinada, suspensa pelo cabo esquerdo, e as chamas já estavam começando a devorá-lo. Ela sabia que a ponte estaria destruída em mais alguns minutos. A fenda seria intransponível outra vez.
Will tentou dar um sorriso tranquilizador, mas não foi muito bem-sucedido.
— Não tem mais muita coisa que você possa fazer aqui — ele disse. — Atravesse a ponte enquanto ainda tem tempo.
Evanlyn hesitou, desejando desesperadamente ir, mas não queria deixar Will sozinho. Ela se deu conta de que ele era apenas um garoto, mas estava disposto a se sa-crificar por ela e por todo o reino.
— Vá! — ele ordenou virando-se e empurrando-a.
Evanlyn teve a impressão de ver um brilho de lá-grimas nos olhos dele. Os dela também ficaram mareja-dos, e ela não conseguiu vê-lo com clareza. Piscou para enxergar melhor no momento exato em que uma rocha pontiaguda saiu da noite iluminada pelo fogo, descreven-do um movimento em curva.
— Will! — gritou, mas era tarde demais.
A pedra o atingiu na lateral da cabeça. Ele gemeu surpreso, revirou os olhos e caiu aos pés dela com o crâ-nio já ensopado de sangue. A garota ouviu passos cor-rendo vindo de várias direções. Jogou a faca para o lado e procurou o arco de Will na terra. Ela o encontrou e estava tentando colocar nele uma flecha quando mãos ásperas a agarraram, jogaram o arco no chão e prenderam seus bra-
ços ao lado do corpo. O escandinavo a segurou num a-braço forte e pressionou o rosto dela contra a pele de carneiro áspera do colete que cheirava a gordura, fumaça e suor, quase a sufocando. Ela tentou chutá-lo, agitando os pés e a cabeça, mas não conseguiu.
Ao seu lado, Will estava deitado imóvel na poeira. Evanlyn começou a soluçar. Sentia-se frustrada, furiosa e triste ouvindo os escandinavos rirem. Então, outro som veio e eles pararam. Os braços que a seguravam afrouxa-ram um pouco, e ela viu do que se tratava.
Era um gemido forte e agudo vindo da ponte. O suporte do lado direito tinha desaparecido, e o do lado esquerdo, já abalado pelo fogo, estava agora sustentando toda a estrutura. Mesmo se ainda estivesse em perfeitas condições, não tinha sido feito para suportar aquela carga. Com um estalido final, o poste se quebrou no meio e, com cabos e tudo o mais, a ponte caiu lentamente nas profundezas da fenda, deixando uma trilha brilhante de faíscas na escuridão.

Um comentário:

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